segunda-feira, 31 de maio de 2010

Treinando o portunhol selvagem

I

Estamos em Cuzco, Peru. Ainda nao sei usar bem o teclado dos peruanos, por isso este nao sem til. O que mais me chama a atençao neste momento é a tecla do ñ, para palavras como mañana, conpreendes? Muito interessante. É difícil para mim mesmo entender como chegamos aqui.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

verso livre livre

vou te guardar no fundo dos olhos dos outros

para não fugir da vida

caso eu não puder te pôr na tatuagem

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sessão Obsessões- A paixão do homem 2

Não é bem uma teoria, queridos interlocutores. É apenas uma intuição.
É simplificar demais o homem apaixonado pensar que seus motivos resumem-se aos impulsos filhos do feromônio, aos hormônios que podem ser despertados apenas por combinações involuntárias de momentos físicos deterministas, fascistas e sem imaginação, se é que me faço entender.
Existe mais de espírito que água no suor.
A paixão é sina. Como os hipocondríacos, os superdotados, os médiuns e os assassinos, os apaixonados são uma espécie de falha na fôrma do bom comportamento geral.
(Os loucos são espiões do bom senso, não são do mesmo time, fica pra próxima.)
Não é preciso, portanto, encontrar um ser perfeito para apaixonar-se.
Os apaixonados têm poucas escolhas durante a vida. Eles são quase funcionários públicos da emoção coletiva, assim como os poetas dão vazão as sub-versões mais íntimas de um povo. Logo, a cada seis meses é preciso bater um novo ponto. Mesmo que ninguém, além do próprio apaixonado, saiba disso.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sessão Obssessões- A paixão do homem

I

O cineasta Domingos Oliveira costuma dizer que a única forma segura que existe de conquistar uma mulher é se apaixonando por ela. Concordo totalmente com ele. É difícil resistir aos olhos de um homem apaixonado. Em 2006, ou 2005, escrevi um poema que gosto muito por sua sinceridade. O título é exatamente esse: O homem apaixonado. Esse personagem me fascina, talvez por uma certa tendência minha ao narcisismo. Tenho o hábito de me apaixonar, no mínimo, a cada seis meses. É uma dieta rígida e balanceada. E extremamente espontânea. A biologia explica que o macho de cada espécie necessita espalhar seu esperma o máximo que puder pelo maior número de fêmeas possível. Não nego esta possibilidade. Mas, como sempre preferi a literatura, as velhas máquinas de escrever, os cinzeiros cheios de bituca, as garrafas vazias de cachaça e cerveja, aos higiênicos jalecos embutidos nos estudos dos cientistas de Harvard, trago comigo uma hipótese um tanto quanto mais bonita.

(CONTINUA)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Como eu tô?

Bem,
eu continuo vivo.

Na medida do impossível,
sexualmente ativo.

Preservado sem preservativo.
Acima dos versos,
não subversivo.

Feliz quando sobe a maré.

Presenciando mortes-
morreu minha tia,
a mais nova das filhas
das tias-avós-
cheirando cangotes.
Desafiando a sorte.
Triste nas noites com chuva
e tão só.

Tento me aproximar da vida
aos poucos.

Aos passos pequenos,
estico meus membros.

Aprumo meus rumos às margens-
O que não vimos da paisagem-

aguço o meu ego, euforia.

Aos herdeiros da vida,
deixo minha alegria.

Me inacabo todo dia.