Não é bem uma teoria, queridos interlocutores. É apenas uma intuição.
É simplificar demais o homem apaixonado pensar que seus motivos resumem-se aos impulsos filhos do feromônio, aos hormônios que podem ser despertados apenas por combinações involuntárias de momentos físicos deterministas, fascistas e sem imaginação, se é que me faço entender.
Existe mais de espírito que água no suor.
A paixão é sina. Como os hipocondríacos, os superdotados, os médiuns e os assassinos, os apaixonados são uma espécie de falha na fôrma do bom comportamento geral.
(Os loucos são espiões do bom senso, não são do mesmo time, fica pra próxima.)
Não é preciso, portanto, encontrar um ser perfeito para apaixonar-se.
Os apaixonados têm poucas escolhas durante a vida. Eles são quase funcionários públicos da emoção coletiva, assim como os poetas dão vazão as sub-versões mais íntimas de um povo. Logo, a cada seis meses é preciso bater um novo ponto. Mesmo que ninguém, além do próprio apaixonado, saiba disso.