quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pois é

- Porquê tu quiseste me ver hoje?

- Como assim? Tava com saudade.

- Não é só isso. Se não tu tinhas me procurado outros dias.

- Já disse. Tava com saudade.

-Acho que não é só isso. Acho que queres alguma coisa...

- Então tá...O que eu poderia querer?

- Sexo...

-Pois é, foi o que eu disse. Senti saudade.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Devaneio

E se num lapso
lambretas aladas
cortarem o céu
enquanto tenho prazos
apertados
a cumprir?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

sem título

nem sempre colho
o que ela diz:

não é flor nem raiz,
se mente...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

AUTO-PIEDADE

Na verdade eu queria falar que ando muito cansado e triste. No máximo consigo uma euforiazinha daquelas de punheta bem batida em manhãs de domingo. Mas nada que me faça querer pular no Guamá e mandar o resto do dia se fuder, como já fiz um dia. Queria dizer que meus braços passam o dia inteiro fracos e sem vontade, que meus olhos comemoram quando eu os fecho e que eu prefiro ficar calado, o que era raro antigamente. Queria muito dizer sobre a tranquilidade que me dá quando sei que estou indo pra casa dormir. Queria poder falar sinceramente sobre o desânimo gigantesco que está tomando conta de mim nas últimas semanas. Mas acontece que eu não posso.
Não nasci para lamentos e reclamações. Não há nada que eu ache mais ridículo que auto-piedade e comiseração. Frescura. Odeio essas palavras, e ainda mais quando as identifico em mim. Outra que não me engana é "pessimismo". Pra mim estar vivo é ser otimista. Fundamento toda a minha vida nisso. Já que eu preciso fazer alguma coisa, que dê certo. Não tem outra opção, embora o certo que dê nem sempre seja o esperado. E é até melhor que não seja. O Gramsci disse um negócio que eu gosto: "pessimismo na cabeça, otimismo na ação."O teatro também me ensinou sobre isso. O corpo deve ser otimista, os gestos devem ser otimistas, o resto às vezes não importa. O pessimismo é um gol contra planejado.
É por isso que não consigo lamentar. E nem procuro. Nada melhor que o cinema nas horas em que a tristeza bate. O "Feliz Natal", filme dirigido pelo Selton Melo, por exemplo, me deu excelentes pretextos para chorar, desabafar e tudo mais. Assim eu mesmo não me pego com pena de mim.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ditado Impopular III

"Um homem é aquilo que as mulheres que ele ama fazem dele. "

Domingos Oliveira

terça-feira, 9 de junho de 2009

Bandeira ao vento, pra sempre

A morte do Walter Bandeira me fez pensar em muitas coisas, e acho que foram essas coisas que me levaram, meio que involuntariamente, ao teatro Waldemar Henrique há uma semana. O velório me fez pensar no quanto eu fui burro por não o ter conhecido pessoalmente, apesar das muitas oportunidades que tive. É verdade que a culpa não é exatamente minha. Explico: talvez seja fácil e soe até um pouco falso dizer isso, mas é a verdade; sou um grande fã da voz do Walter Bandeira.
Desde os 14 anos que escuto um disco do Guilherme Coutinho, músico genial de Belém que morreu muito cedo, no qual o Walter canta todas as faixas, exceto as instrumentais e as cantadas pelo próprio Guilherme. E adoro demais este disco. Ele é histórico e acho que poucas pessoas o têm. Foi feito pela Assembléia Paraense, ainda no começo dos anos 90. Seria muito bom que outras pessoas podessem conhecê-lo. Neste disco Walter mostra porque era verdadeiramente o nosso melhor cantor, além de grande compositor também (ouça a canção "Me ver em você", que também foi gravada pelo Maca Maneschy com participação Dele). Por saber de tudo isso é que eu ficava muito tímido toda vez que o via. Lembro dele sentado na frente da Escola de Teatro, fumando nos pequenos degraus enquanto eu passava olhando, pensando naquele cara ali. Lembro de vê-lo entrando num táxi e indo embora. Gostaria muito de ter conversado com ele. Mas não adianta mais lamentar.

Abaixo reproduzo o trecho de uma entrevista sobre algo que ando pensando ultimamente. Grande abraço, Walter Bandeira.

Repórteres Sergio Palmquist e Walter Pinto.
Muita coisa mudou em Belém nos últimos anos, da ditadura à democracia. A cabeça do belenense mudou também?

WALTER BANDEIRA
O fato de existir a repressão mobilizava mais as pessoas. Era uma coisa que me mobilizava, mobilizava um Chico Buarque, por exemplo. Hoje, quando as pessoas falam, você percebe que elas não têm idéia como era. Acho que as pessoas estão muito moles. Estão acomodadas. Eu fico preocupado quando vejo um jovem sem nenhum tipo de rebeldia porque é um dado biológico do jovem ser rebelde, contestar. O que está acontecendo hoje é muito superficial, é colocar um piercing no nariz, um comportamento tribal, uma coisa não muito produtiva, fechada. Não que tenha nada contra, só estou mapeando. Antes a gente se envolvia mais com as questões sociais. Até eu, que nunca fui político, nunca fui de esquerda, nunca fui bicha alienada – do que me gabo muito porque é preciso peito para não ser -. Então essa coisa de tribo fica ali, acaba ali, não vai a lugar nenhum. Isso é uma coisa que eu me pergunto: porquê?

Dia de merda

Mal-dormido
Mal-amado
Mal-comido

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Linda música

Três travestis

Três travestis
Traçam perfis
na praça.

Lápis e giz
boca e nariz,
fumaça.

Lótus e liz
Drops de aniz,
cachaça

Péssima atriz
Chão, salto e triz,
trapaça

Quem é que diz?
Quem é feliz?
Quem passa?

A codorniz
O chamariz
A caça

Três travestis
Três colibris
de raça

Deixam o país
E enchem Paris
de graça

Caetano Veloso

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ditado Impopular II

"Nenhuma mulher presta, Abílio.
Nem as melhores."
by Naiana Cruz

Ditado Impopular I

"Algumas palavras são perfeitas
quando não são ditas"

by Andréa Mota