segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Marcelo Mirisola e o Ódio Brasileiro

"O importante é não esquecer que o ódio nos espreita e carrega milhões de disfarces e boas intenções, o ódio brasileiro afaga, convida pra ir jantar e é o melhor anfitrião do mundo, o ódio é doce como uma compota caseira e sempre concorda contigo, ele é o rei dos elogios e às vezes aponta pequenos defeitos para valorizar as virtudes que nem você sabia que tinha, o ódio é surpreendente e encantador, ele tem muita paciência, o ódio é desprendido e jamais vai perder o timing, ele é a Vovó da Casa do Pão de Queijo, ele é bom vizinho que planeja seu fim toda vez que o beija na face e, uma hora, – pode escrever - ele vai dar o bote e estragar tudo, de leste a oeste e de norte a sul. Ininterruptamente. Portanto, quem puder amar, que ame e seja feliz e atire a primeira flor..."

Leia todo o texto: http://congressoemfoco.uol.com.br/coluna.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=35378&filha=1

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sem qualquer intenção

Olha, não venha me dizer o que eu não posso fazer
pois é daí que vem a força e aí é bem pior
e eu fico bem melhor
então nem precisa tanto incentivo assim
pra mim,
tá entendendo?

Formiga de fogo, mermão, formiga de fogo.
Nem aí pra pata de elefante.
O céu com lua ou sem lua sempre é o céu
não importa o que diga a mulher do tempo
na televisão.
Pois então,
quero mais é que falem mal.
Quero ver quem ri com dentes e gengivas
no final.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pele sobre pele

Teu corpo é por onde amanheço invertido
Livre de minhas virtudes
Lúcido e ácido
Por entre as boas maneiras ao pé da cama
Por antros à toa esquecidos na noite
Por todas as cores e sons de nós dois
Eu procuro os trocados no bolso da calça
Que é tua e não minha, afinal
Eu esqueço todos os teus sobrenomes
Eu nunca soube os teus nomes oficiais
Como a blusa que é minha e não tua
Amanheço amassado e sem dramas
Arreganho as vontades mais fundas
Antecipo o teu gozo em meus pêlos
E desaprendo para sempre
As bobagens que chamam de alma

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

instante

é preciso, capitão, abandonar as costelas
para poder parir asas sob as nossas axilas

mas somente as flutuantes, segundo Olivia,
dona de constelações

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Canção

A saudade é maior do que eu supunha
Minha pele lembra a cor de tuas unhas

frase

O desepero é o primo louco da esperança

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Status

O náfrago precisa de esperança
se ele gosta do status
de sobrevivente.
Pois se já se acostumou com o vazio
passa a ser somente um
residente do caos.
Só mais um
hóspede do abandono.
E conserva aquele gosto amargo
dos seres subordinados.