quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Essa história de perder as mulheres- texto de Mário Bortolotto

"(...) Essa história de perder as mulheres. Nós, homens, somos sujeitos tão miseráveis que nos apegamos à qualquer migalha. Lembram de Cazuza, né? "Migalhas e restos me interessam" ou "Nosso amor a gente inventa". Ele sabia, embora dizem que não gostava muito de mulheres pra coisa em si que nos interessa tanto. Mas e daí? Acho que os sentimentos não mudam muito. A verdade é que ele entendia do assunto. Então de vez em quando acontece da gente gostar de uma mulher. Digo, gostar razoavelmente a ponto de inventar algo parecido com "amor" e idealizar histórias e fazer planos. Planos podem matar um pobre iludido. É um passo pra se sentir um grande fracassado. E convenhamos, temos talento pra isso, né? E nós temos propensão a nos iludir. E às vezes acontece da mulher também parecer gostar minimamente da gente. Aí a armadilha tá lá, sorrindo por trás da teia, sabe como é? O que nós nunca vamos entender é que as mulheres tem interesses diferentes dos nossos. Em algum momento de suas vidas, elas podem até voltar a sua atenção para sujeitos como nós que bebem sozinhos esperando vagar a mesa de bilhar. Mas elas vão se distrair em breve. Há coisas melhores por aí, desde um sujeito que sabe se vestir e falar as palavras certas até alguma marca nova de batom que só elas conseguem diferenciar. Então o melhor a fazer é beber de alguma garrafa e procurar se iludir o menos possível. Vamos continuar gostando muito delas. E não há nada que possa impedir isso. E assim vamos seguindo pro fim. Talvez algum motorista desavisado e maluco apareça e nos jogue pra fora da estrada, mas se isso não acontecer, prosseguimos em nossa caminhada de formiga cdf para o fim inevitável."

Mário Bortolotto

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