segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Escritores

Hilda Hilst gostava de criar cães e de beber vinho e de sonhar que podia tudo em sua chácara no fim do mundo. Dizem as más (e também as boas) línguas que nas noites de lua cheia voava enlouquecida sobre a casa do caseiro, cantando uma canção aguda e triste, semelhante a um mantra.

Outros falam sobre sua morte.

Diz-que vestiu-se apenas com um lençol amarelado. Seis da manhã de um feriado, mesmo que todos os dias na chácara fossem feriado, foi nadar no rio que passava atrás da samaumeira. Contam, entre dentes, os empregados, que alguns dias depois encontraram piranhas mortas, abertas, inteiras, na beira, com versos saltando do bucho. Hilda gostava de poder tudo.

Um comentário:

Andréa Mota disse...

Dez Chamamentos a um Amigo (Hilda)

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

[...]

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

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Bonitão, ne!