sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Conversas após a chuva ácida II

Teve aquela vez
que eu chorei um tenoné inteiro
e um paar e dois greenvile
enquanto vinha de lá
do Conjunto Maguari.
Quase um satélite, mais nem tanto,
já seria exagero.
Entroncamento e desespero;
os meus olhos no chão.

O cobrador dobrava a dor
e eu preferia assim,
"ninguém olha pra mim",
e passa e troca e guarda a grana.
Pobre moço e seu drama,
num ônibus qualquer.
A tragédia moçegava
e me cegava
pendurada
lá na porta de trás.

Chorei a almirante
mais pelo embalo
e via embaçada a ciclo via
feito vidraça e chuva.
Era tanto do poste
e tanto do carro
que até que não
me enguasgei mais.

Veio a josé malcher.
E foi mais rápido
o percurso nos cursinhos
os supermercados
e a vida em movimento.
Pensei em comprar algo
e me alegrei.
Senti o vento.
E me espertei:
o cheiro do canal.
Cheguei.
E ainda tinha coisa pra secar.