terça-feira, 28 de setembro de 2010

Trôpego

Deixe a chave sob a sombra da porta

que eu voltarei bem tarde em pleno sol

Sem nome completo, sem adjetivos,

sem carro, sem cara, sem caráter


Esquecido das palavras mágicas

Embebido de frases sem lógica

Agressivo com meus adevisos

Meus políticos sorrisos no peito


Minhas cédulas de cem nos sonhos

Paraísos portáteis no cartão

Descerei as ruas de mãos dadas

Aos amigos de tão quente coração


Descerei com garrafas não pagas

Terei asas azuis emprestadas

Vou cantar um tango de Ravel

Pois sou eu o cantor da estrada


Terei cargos, disseram pra mim

Não pedirei mais nada a ninguém

É domingo e já não tenho culpas

É domingo mas eu vou voltar


Tenho casa e portas trancadas

Tenho casa e muros e grades


Me ajude a pular, me ajude a pular


Não tenho as chaves

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