quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Finura

Quando sinto saudade

não digo bom dia.

Em dias normais eu diria.

Mas em tais abismos,

tecidos de ternura,

prefiro doenças sem cura.



Prefiro fingir estar vivo

quando já pereço em desertos

por querer-te lisa e logo

e linda, por perto.

Por ver-te em sonhos

e ser pesadelo

ao não te sentir em meus pêlos.



Quando digo "saudade"

não é poesia.

Em linhas normais poderia.

Mas trago nas mãos

o sem porto da alma

que brinca de pira na palma.

Que quica querendo mudar

mas não chega nem chama

e dorme ao sol e ao som

de seu drama.



Coisas de peito cansado.

Sem pisos, sem telhas, sem abas, sem chão.

Que não tem como ter educação.

Um comentário:

Marcello Lopes disse...

Peito cansado...frase de efeito mirabolante !!!

Gostei, voltarei sempre.