terça-feira, 9 de junho de 2009

Bandeira ao vento, pra sempre

A morte do Walter Bandeira me fez pensar em muitas coisas, e acho que foram essas coisas que me levaram, meio que involuntariamente, ao teatro Waldemar Henrique há uma semana. O velório me fez pensar no quanto eu fui burro por não o ter conhecido pessoalmente, apesar das muitas oportunidades que tive. É verdade que a culpa não é exatamente minha. Explico: talvez seja fácil e soe até um pouco falso dizer isso, mas é a verdade; sou um grande fã da voz do Walter Bandeira.
Desde os 14 anos que escuto um disco do Guilherme Coutinho, músico genial de Belém que morreu muito cedo, no qual o Walter canta todas as faixas, exceto as instrumentais e as cantadas pelo próprio Guilherme. E adoro demais este disco. Ele é histórico e acho que poucas pessoas o têm. Foi feito pela Assembléia Paraense, ainda no começo dos anos 90. Seria muito bom que outras pessoas podessem conhecê-lo. Neste disco Walter mostra porque era verdadeiramente o nosso melhor cantor, além de grande compositor também (ouça a canção "Me ver em você", que também foi gravada pelo Maca Maneschy com participação Dele). Por saber de tudo isso é que eu ficava muito tímido toda vez que o via. Lembro dele sentado na frente da Escola de Teatro, fumando nos pequenos degraus enquanto eu passava olhando, pensando naquele cara ali. Lembro de vê-lo entrando num táxi e indo embora. Gostaria muito de ter conversado com ele. Mas não adianta mais lamentar.

Abaixo reproduzo o trecho de uma entrevista sobre algo que ando pensando ultimamente. Grande abraço, Walter Bandeira.

Repórteres Sergio Palmquist e Walter Pinto.
Muita coisa mudou em Belém nos últimos anos, da ditadura à democracia. A cabeça do belenense mudou também?

WALTER BANDEIRA
O fato de existir a repressão mobilizava mais as pessoas. Era uma coisa que me mobilizava, mobilizava um Chico Buarque, por exemplo. Hoje, quando as pessoas falam, você percebe que elas não têm idéia como era. Acho que as pessoas estão muito moles. Estão acomodadas. Eu fico preocupado quando vejo um jovem sem nenhum tipo de rebeldia porque é um dado biológico do jovem ser rebelde, contestar. O que está acontecendo hoje é muito superficial, é colocar um piercing no nariz, um comportamento tribal, uma coisa não muito produtiva, fechada. Não que tenha nada contra, só estou mapeando. Antes a gente se envolvia mais com as questões sociais. Até eu, que nunca fui político, nunca fui de esquerda, nunca fui bicha alienada – do que me gabo muito porque é preciso peito para não ser -. Então essa coisa de tribo fica ali, acaba ali, não vai a lugar nenhum. Isso é uma coisa que eu me pergunto: porquê?

2 comentários:

Catatau Azul disse...

Abílio:
escolhe um lugar,
e Soca!

esse teu senso de coletivo as vezes te atrapalha.

Catarse ( Késia Hadassa ) disse...

é...
Ele sempre esperava o cara do taxi.
suspeitavamos..rsrsrsrs
A escadinha. Acho q as pessoas nem acreditavam na simplicidae dele..
nayahaha
Parecia coisa de outro mundo...
coisa de Chico caminhante do calçadão
rsrsrssr