sexta-feira, 19 de junho de 2009

AUTO-PIEDADE

Na verdade eu queria falar que ando muito cansado e triste. No máximo consigo uma euforiazinha daquelas de punheta bem batida em manhãs de domingo. Mas nada que me faça querer pular no Guamá e mandar o resto do dia se fuder, como já fiz um dia. Queria dizer que meus braços passam o dia inteiro fracos e sem vontade, que meus olhos comemoram quando eu os fecho e que eu prefiro ficar calado, o que era raro antigamente. Queria muito dizer sobre a tranquilidade que me dá quando sei que estou indo pra casa dormir. Queria poder falar sinceramente sobre o desânimo gigantesco que está tomando conta de mim nas últimas semanas. Mas acontece que eu não posso.
Não nasci para lamentos e reclamações. Não há nada que eu ache mais ridículo que auto-piedade e comiseração. Frescura. Odeio essas palavras, e ainda mais quando as identifico em mim. Outra que não me engana é "pessimismo". Pra mim estar vivo é ser otimista. Fundamento toda a minha vida nisso. Já que eu preciso fazer alguma coisa, que dê certo. Não tem outra opção, embora o certo que dê nem sempre seja o esperado. E é até melhor que não seja. O Gramsci disse um negócio que eu gosto: "pessimismo na cabeça, otimismo na ação."O teatro também me ensinou sobre isso. O corpo deve ser otimista, os gestos devem ser otimistas, o resto às vezes não importa. O pessimismo é um gol contra planejado.
É por isso que não consigo lamentar. E nem procuro. Nada melhor que o cinema nas horas em que a tristeza bate. O "Feliz Natal", filme dirigido pelo Selton Melo, por exemplo, me deu excelentes pretextos para chorar, desabafar e tudo mais. Assim eu mesmo não me pego com pena de mim.

2 comentários:

Andréa Mota disse...

percebi que ser blog é ser solidão.. apesar dos comentários.

"solidão é larva, cobre tudo..."

Yuu disse...

Lindo.
*-*



É uma das tuas características mais marcantes mesmo.