Vejo em mim a inveja de você
a inveja de suas descrenças
de suas tantas desesperanças
de sua maneira de não passar
nada na peneira
do seu passo sem desmaio
colocando tudo no mesmo balaio
sua pálida raiva de tudo
Tento até disfarçar
invento disfarces
vou ao bar
solto o canário para uma volta
na minha gaiola de aprisionar
subo a tela do filme de medo
ligo a serra-elétrica
invento regras mesquinhas
trituro o crânio da mocinha
viro o vulto do vilão
meto um chute no meio
da porta do salão
sou o bandido sem bandeide
o sem noção
Mas não consigo esconder
uma ponta sobressai
da aba do disfarce
da ponta da viagem
do ponto inicial
escorre uma baba fina
desbotada purpurina
bote de cobra ao contrário
minha rima de otário
tudo denuncia
Eu queria não sentir
que bom seria
tendo a tua sem-gracisse
como guia.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
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