domingo, 21 de dezembro de 2008

Neblina

A alma é um negócio frágil e transparente como aqueles copos e pratos daquela parte do shopping que todos dizem pra eu não tocar, andar devagar, e ter cuidado quando eu entro. Brilha de vez em quando, quando poucos estão olhando. Desconfio até que quase exploda de tanto brilhar, mas só se não houver ninguém. Pois a alma não gosta de público. A alma gosta de admiração, mas autógrafo já é demais, e velas acesas incomodam. De verdade, sem onfender... Espíritas não são bem vistos.
Ultimamente tenho sentido a minha meio arredia. Não sei se é a proximidade do final do ano, ou o clima de Suíça que se instala em Belém nesse tempo, com perdão ao frio verdadeiro dos suecos. Não sei se é o tempo passando, e eu que vou fazer 20. Sei que a minha alma anda me estranhando. Como se não quisesse mais me olhar nos olhos. Se esquivando de abraços e qualquer outro tipo de afago. Preferindo amar sentada no meio-fio, esperando a vontade de ir embora vir mais tarde.
Talvez ela só queira que alguém derrube a cristaleira. E olhe para o lado enquanto ela se troca.

Um comentário:

Nai disse...

Desconfio até que quase exploda de tanto brilhar, mas só se não houver ninguém. Pois a alma não gosta de público...
Sei que a minha alma anda me estranhando. Como se não quisesse mais me olhar nos olhos.

pod cre